Como presidenta do Instituto Virtual para o Desenvolvimento Sustentável - IVIDES.org, idealizei, organizei e ministrei o curso de “Capacitação em mapeamento com OpenStreetMap”, para dar início às atividades do Capítulo YouthMappers UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, do qual, sou também presidenta e conto com a colaboração do Dr. Manoel Fernandes, professor mentor; do Dr. Paulo Menezes, professor mentor colaborador, todos nós do Lab. GeoCart-UFRJ; e ainda, com a fundamental colaboração de alunos e alunas do nosso laboratório e de unidades vizinhas do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, especificamente, da Geologia; da Meteorologia e da Ciência da Computação e Núcleo de Computação Eletrônica - NCE. Poderia desfiar um rosário de instituições nacionais, principalmente do Rio de Janeiro, que fazem parte do nosso grupo de pesquisa, mas estou aqui para falar do nosso curso!
Apresentação do curso
O curso foi ministrado entre os dias 20 de julho e 24 de agosto de 2023 e transformou-se em um curso de fluxo contínuo, uma vez que houve interesse de demais pessoas, que conheceram a iniciativa após o início de sua realização. Assim, aos participantes que concluirem com sucesso - vide as condições presentes no portal https://ivides.org/curso-osm-2023, serão emitidos certificados ao final das fases de seis meses. Os envios de resultados são realizados por esta mesma plataforma e os certificados serão enviados por e-mail cadastrado no curso (vide no mesmo local, o portal web, as informações sobre a Secretaria).
O curso oferece os recursos básicos para os(as) concluintes atuarem no mundo do mapeamento colaborativo, via Internet, com o OpenStreetMap, desde a sua participação como um(a) mapeador(a) até a organização de uma mapatona (maratona de mapeamento coletivo) ou validatona (validação coletiva) - caso especial dos professores(as) que estão participando, mas também de integrantes de organizações não governamentais (ONGs), de organizações da sociedade civil de interesse público (Oscip), segundo a nomenclatura brasileira; e de outros grupos interessados (iniciativa privada e orgãos governamentais).
O conteúdo do curso abrange a utilização de diversos softwares para mapeamento, sejam da nuvem ou standalones (instalados no computador local) ou ainda, mobile (para dispositivos móveis), importantes no contexto da coleta de dados em campo. Os três editores mais utilizados - iD, RapiD e JOSM são incluídos e o participante tem a chance de criar um mini projeto de mapeamento e depois o realizar, com seu tema e local de interesse.
Este formato mais aberto e flexível permitiu que fossem tratados diversos temas pelos participantes, tais como: a geolocalização das torres de energia, a distribuição das árvores na praça próxima à própria residência; o mapeamento do entorno da própria escola; e, de modo geral, o mapeamento de aspectos de interesse para diversos segmentos, como educacional, turístico, ambiental etc.
Audiência
De fato, o curso atraiu um grande número de pessoas, refletido no total de 280 inscritos até o seu início; e de diferentes níveis de formação educacional, desde alunos dos ensino médio e técnico até acadêmicos e professores universitários, além de profissionais que atuam em diversos âmbitos, governo ou iniciativa privada.
Para minha grata surpresa, nós tivemos o interesse e a participação de alunos(as) de alguns países africanos, podendo ser citados: Angola, Moçambique e Congo. E, falando sinceramente, me valeram muito os ensinamentos de Séverin Menard, da UN Maps Initiative (Crowdsourcing Team) e o curso que ele ministra, via, recentemente criada, plataforma de ensino à distância, o UN Maps Learning HUB.
O curso de Séverin nos mostra as paisagens africanas, com seus huts - habitações construídas com materiais naturais do local, e isolated_dwellings - locais de habitações isoladas e (frequentemente) onde não chegam vias; com rigor técnico e informações úteis, ensinando, por exemplo, como inserir os fords nos cruzamentos entre vias (highways) e cursos d’água (waterways); ou como validar uma tarefa, utilizando o Java OpenStreetMap Editor (JOSM).
Merci, Séverin! Foi realmente uma experiência incrível mapear na África. A quem se interessar, os projetos UN Mappers estão disponíveis na plataforma HOT Tasking Manager.
Potencialidades da modalidade EAD aplicada
Como potenciais relacionados à aplicação desta modalidade de ensino à distância, e especialmente, o ensino de mapeamento colaborativo, via Internet, puderam ser apreendidos por mim, durante o desenvolvimento do curso:
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Possibilidade de participação de pessoas de qualquer parte do mundo
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Capacitação de pessoas com variados níveis de formação educacional
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Possibilidade de interação com outros grupos de mapeadores
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Compartilhamento de dúvidas, em fóruns de discussão e outros meios
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Possibilidade de escolha livre de temas para mapeamento
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Fortalecimento do sentimento de identidade com o local
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Fortalecimento dos sensos de cooperação e colaboração
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Possibilidade de criação de projetos em conformidade com o local
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Possibilidade de desenvolvimento de novas aplicações web
Desafios da modalidade EAD aplicada
No entanto, a utilização desta modalidade de ensino carrega algumas dificuldades em locais remotos ou quando o participante tem pouca familiaridade com os sistemas e aplicativos que funcionam via Internet:
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Dificuldades de conexão, especialmente, em áreas remotas
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Diferenças entre os idiomas dos participantes
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Pouca familiaridade com soluções baseadas na Internet
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Dificuldades relacionadas aos equipamentos utilizados, ou seja, pouca memória ou pouco poder de processamento
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Dificuldades inerentes à instabilidade ocasional dos sistemas na web
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Requer maior curva de aprendizado, do que para aprender a usar aplicativos que funcionam no computador local (standalone)
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Pouca familiaridade com licenças de dados e as limitações relacionadas
Direitos de uso
O material está licenciado com CC BY-NC-SA 4.0 International. Consulte condições em https://ivides.org/curso-osm-2023. IVIDES.org é uma marca registrada.
Conteúdo programático
PARTE 1 - O que é importante saber antes de mapear na web com OSM?
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Conceitos iniciais: escala, sistema de referência e projeção cartográfica
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Mapeamento na Internet (Web mapping)
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Ponto de interesse (POI) e área de interesse (AOI)
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Informação geográfica voluntária (VGI) e SIG de participação pública (PPGIS)
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Tipos de variáveis e formatos de dados geoespaciais
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Transformando variáveis qualitativas em quantitativas
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O que é o OpenStreetMap (OSM) e o que ele não é!
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Licença ODbL: o que isso implica na prática
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O que são mapatonas e validatonas
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O que não posso esquecer ao mapear com OpenStreetMap
PARTE 2 - Modelo de dados e armazenamento no OpenStreetMap
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Elementos
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Objetos
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Rótulos
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Expressão dos elementos em XML
PARTE 3 - Download e upload de dados OpenStreetMap
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Download de dados, segundo o volume de dados e a temática
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Upload de dados - iD, RapiD, JOSM, APPs, API do OSM
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Programas que realizam conversão entre formatos de arquivos de dados
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Programas que realizam a importação (e exportação) de dados para o (e do) RSGBD PostgreSQL
PARTE 4 - Download de dados e acesso aos editores mais utilizados
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Consulta e download dos dados em osm.org
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Download no QGIS (versão 3.22 ou superior) - plugins QuickOSM e QuickMapServices
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Consulta no OverPass Turbo
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Acessos pelo editor iD e pelo JOSM
PARTE 5 - Editores iD e RapiD e gestores de tarefas (HOT Tasking Manager/ TeachOSM Tasking Manager)
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Uso do editor iD, editor default (padrão) em osm.org
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Uso do editor RapiD
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Uso dos gestores de tarefas: HOT Tasking Manager e TeachOSM Tasking Manager
PARTE 6 - Editor JOSM
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Detalhamento do uso do editor JOSM
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Download, validação e upload de dados no JOSM
PARTE 7 - Mapeamento no campo: aplicativos para dispositivos móveis
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APPs para editar pontos de interesse (POIs) e áreas de interesse (AOIs)
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APPs para realizar registro de fotografias
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APPs para gravação de rotas
PARTE 8 - Como planejar mapatonas e como se comunicar
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Dicas para o planejamento de mapatonas
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Principais canais de documentação e comunicação
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Comunidades OSM