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Acessando informações em momentos de crise - Entrevista com a Dra. Raquel Dezidério Souto, sobre o desastre do Rio Grande do Sul (Brasil), ocorrido em abril e maio de 2024.
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Acessando informações em momentos de crise: entrevista com a Dra. Raquel Dezidério Souto, sobre o desastre do Rio Grande do Sul (Brasil), ocorrido em abril e maio de 2024. Entrevistada: Raquel Dezidério Souto. Entrevistadora: Laura Bortoloni. Rio de Janeiro: IVIDES.org, 20 mar.2025. DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.15058822. Licenciado sob CC-BY-NC-ND 4.0 Ⓒ autoras.
Esta entrevista está disponível também em Inglês: https://doi.org/10.5281/zenodo.15058928
1. Perfil profissional
Você pode nos contar sobre o seu background e como se envolveu com a cartografia?
Meu primeiro contato com a cartografia foi na graduação em oceanografia. Depois, no mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais (IBGE) e no doutorado em geografia (UFRJ). Ao longo do tempo, desenvolvi linhas de pesquisa em mapeamento colaborativo, com apoio de cartografia digital e mapeamento Web. O foco do meu pós-doutorado em geografia tem sido o desenvolvimento de soluções Web para mapeamento colaborativo digital. Atualmente, desenvolvemos projetos com software livre ou projetos híbridos (misturando software livre e proprietário), no âmbito do Instituto Virtual para o Desenvolvimento Sustentável - IVIDES.orgⓇ, instituto virtual de pesquisas que criei em 2008; alguns desses projetos, sendo viabilizados pela IVIDES DATA, sua empresa gestora.
O que a atraiu para a cartografia humanitária e para os projetos de cartografia participativa?
Ainda em 2019, nós desenvolvemos o nosso primeiro mapa colaborativo, quando do desastre do petróleo, que atingiu pouco mais de 50% de toda a costa brasileira (que tem um total de cerca de 8,5 mil km). Dada a extensão da costa e a emergência do evento, nós colocamos à disposição do público, uma plataforma com as localidades oleadas e as fotografias que eram enviadas pelo grupo de WhatsAppⓇ. Nesta época, nós não conhecíamos ainda o OpenStreetMapⓇ e construímos o mapa Web no Google My MapsⓇ https://ivides.org/mapa-participativo-petroleo-2019-2020. Conhecemos o projeto OpenStreetMapⓇ em 2021, em um curso sobre Leaflet https://leafletjs.com/, que foi oferecido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Com ele, desenvolvemos um mapa interativo durante a Pandemia de COVID-19 https://ivides.org/mapa-dinamico-de-incidencia-de-covid-19, que mostrava os dados fornecidos pelas prefeituras dos municípios do Norte e Noroeste do Rio de Janeiro (Brasil). E a campanha pelo Rio Grande do Sul 2024, que detalharei adiante. Depois, com a formação nos cursos oferecidos pelo UN Mappers https://mappers.un.org/learning/, conhecemos o universo do mapeamento humanitário com OSM. Com a formação, passei a integrar o grupo de mapeadores validadores do UN Mappers, que agregou mais experiências práticas de mapeamento em diversos outros países. A adesão ao YouthMappers, como um capítulo para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil), à qual estou afiliada, proporcionou (e proporciona ainda) a transferência deste conhecimento ao público acadêmico e a pessoas externas à universidade, tendo promovido o treinamento em mapeamento com OpenStreetMapⓇ, de cerca de 700 pessoas, nos últimos dois anos.
** Já trabalhou anteriormente em projetos de cartografia de resposta a catástrofes semelhantes? Em caso afirmativo, como é que esta experiência se compara?**
Sim, sempre que possível, nos projetos promovidos pelos grupos de usuários do OSM, pelo UN Mappers, pelos capítulos YouthMappers brasileiros e por alguns capítulos da África, especialmente, de Moçambique e Angola. O último projeto de mapeamento colaborativo do qual participei, foi (está sendo) a resposta ao desastre provocado pelo ciclone Chido, na Ilha Mayotte, um território ultramarino francês, adjacente à costa de Moçambique, no Oceano Índico - osm.org/relation/3388394#map=5/-15.96/50.12. Os projetos estão disponíveis em https://tasks.hotosm.org/explore?text=Mayotte&omitMapResults=1.
A realização de mapeamento colaborativo é bem diferente quando adotamos dados abertos e plataformas livres, como os gerenciadores de tarefas (tasking managers) e aplicativos para celular, de código aberto e editável por outros. As soluções proprietárias limitam a personalização dos projetos (do pontos de vista computacional) e impedem o compartilhamento de dados e informações, o que prejudica a interoperabilidade dos dados entre diferentes sistemas. A abertura de dados e a interoperabilidade são cruciais em momentos desastrosos, que exigem uma resposta rápida daqueles que lidam com o evento, durante e após a sua ocorrência. Assim, atualmente, adotamos soluções livres na resposta aos desastres e temos capacitado as novas gerações, para que estejam aptas a participar dos projetos existentes e propor (e gerenciar) novos projetos de mapeamento colaborativo humanitário.
2. Enchentes no RS
Como se envolveu no projeto de cartografia colaborativa das cheias do Rio Grande do Sul?
Eu soube do desastre por familiares residentes em Canoas, na região do Guaíba, no Rio Grande do Sul (eu resido no Rio de Janeiro). Meus tios perderam a casa e todos os pertences, após o rompimento da barragem de água, que fica a montante do rio. Depois, começaram os comentários sobre o desastre nas mensagens do grupo OSM RS no Telegram, grupo de usuários do OpenStreetMap nesse estado, e pelo Humanitarian OpenStreetMap Team (HOT), que disponibilizou diversos projetos no HOT Tasking Manager (HOT-TM). Na época, estávamos com uma agenda de treinamentos em mapeamento temático com OSM, promovida pelo IVIDES.orgⓇ, e criamos um projeto de mapeamento colaborativo no gestor de tarefas, a fim de mapear a bacia hidrográfica Taquari-Antas https://tasks.hotosm.org/projects/16706, a região mais afetada pela tragédia. Este projeto também serviu de apoio para a realização da oficina de mapeamento de cursos d’água (waterways no OSM), ministrada por Séverin Ménard (Les Libres Géographes, LLg), na época, consultor para o United Nations Global Service Centre (UNGSC). A escolha da bacia hidrográfica como área de interesse (AOI) do projeto justifica-se na importância em avaliar a ocorrência do evento em uma divisão geográfica e não político-administrativa, pela natureza do fenômeno (desastre hidrológico).
Qual foi o papel específico do Humanitarian OpenStreetMap nesta emergência?
HOT é uma entidade sem fins lucrativos estadunidense, que provê recursos humanos e materiais para a gestão de projetos e dados abertos, o que facilita as atividades de mapeamento colaborativo, durante e após a ocorrência dos desastres. A adoção do gestor de tarefas (tasking manager) tem crescido ao longo do tempo e essa solução, que também está sendo utilizada em projetos de outros organismos internacionais e tem código aberto https://github.com/hotosm/tasking-manager, permite aumentar a velocidade do mapeamento, um aspecto fundamental, já que o tempo é algo crucial na resposta a emergências. No entanto, ainda enfrentamos dificuldades em obter imagens aéreas com ótima resolução e atualizadas no Brasil; e ainda não estão bem claros no nosso país, o papel da organização e a utilidade ou aplicação dos dados que são gerados, o que poderá ser resolvido com maiores campanhas de esclarecimento junto à população, em geral, e agentes públicos, e com a continuidade da promoção de cursos e outras capacitações.
Pode descrever o contexto em que esta iniciativa foi lançada e a forma como foi coordenada com as autoridades locais e as ONG?
O desastre do Rio Grande do Sul envolveu eventos de movimentos de massa, enchentes, inundações, alagamento e erosão fluvial, que ocorreram nos meses de maio e abril de 2024, mas com efeitos que perduram até hoje. Segundo relatado na página da Wikipedia, criada para documentar o desastre:
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Em várias cidades, no período entre 27 de abril e 2 de maio, chegou a chover de 500 a 700 mm, correspondendo a um terço da média histórica de precipitação para todo um ano, e em muitas outras a precipitação ficou entre 300 e 400 mm entre 3 e 5 de maio. (...) Dados do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mostram que as chuvas de maio levaram mais de 14 trilhões de litros de água para o lago Guaíba, volume que equivale a quase metade do reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu. (...) A precipitação excessiva afetou mais de 60% do território estadual.
Inicialmente, os projetos disponibilizados no HOT-TM não foram coordenados com autoridades locais, pois a maioria das prefeituras de municípios atingidos pelo desastre adotaram soluções proprietárias para mapeamento. Mas foi estabelecida uma ligação com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) do Brasil, a fim de conhecer os locais mais afetados. Por exemplo, a Prefeitura de Porto Alegre adotou as mesmas soluções que já eram utilizadas pela Defesa Civil do Estado de São Paulo, que se baseiam em softwares proprietários. Infelizmente, estas administrações não reconhecem a importância dos aplicativos e dados abertos, mesmo sendo claras as vantagens de sua utilização, reconhecidas em diversos artigos científicos publicados na Europa, sobre relatos de casos de sucesso na gestão dos riscos e enfrentamento de consequências dos desastres.
Estes programas livres, associados à utilização da base cartográfica do OSM poderiam melhorar o atendimento e socorro das vítimas, além de economizar recursos públicos, uma vez que não há pagamento por licenças de uso. Cabe lembrar que a mesma Prefeitura de Porto Alegre realizou cooperação posterior para a avaliação dos prejuízos causados às edificações e vias, a partir dos dados mapeados por todos no HOT-TM, mas, infelizmente, esta avaliação não envolveu amplamente a comunidade de mapeadores, tendo sido realizada apenas entre a ONG internacional, o governo local e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com o propósito de estimar os valores necessários para as obras de reconstrução.
3. Processos de mapeamento
Como foi organizado o trabalho entre voluntários e profissionais?
No nosso projeto de mapeamento, a gestão dos participantes foi toda realizada por meio do gestor de tarefas e dos meios sociais de comunicação - grupo de WhatsAppⓇ e grupo de e-mail. O mapeamento das feições, com prioridade inicial para edificações e vias, foi realizado por pessoas de qualquer nível de conhecimento, a validação foi (e ainda está sendo) realizada por mapeadores com níveis intermediário ou avançado (o que corresponde a 250 ou 500 conjuntos de dados enviados, respectivamente). Essa divisão é importante para aumentar a qualidade do mapeamento. A interação nos grupos é fundamental para a solução de dúvidas e problemas e para a troca de dados e informações. Para chamada à participação nas atividades de mapeamento colaborativo (maratonas de mapeamento) e para a comunicação dos resultados, contamos ainda com a publicação de artigos curtos no Semanário OSM (weeklyOSM), que tem distribuição mundial.
Houve algum desafio específico na coleta de dados ou no envolvimento da comunidade?
No Brasil, há dificuldades para aquisição de imagens aéreas com alta resolução, suficientes para mapear adequadamente as edificações, nas fases pré, durante e pós-desastre. Outro empecilho tem sido a adoção de licenças fechadas (ou a ausência de declaração do tipo de licença) nos conjuntos de dados oficiais. Algumas prefeituras têm realizado a celebração de acordos, em que a empresa prestadora de serviços atua como proprietária dos dados, quando, pela lei brasileira, estes dados necessitam estar disponíveis publicamente (Lei de acesso à informação, Lei n. 12.527/2011, https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm). Muitas pessoas no Brasil possuem poucos recursos (como bons computadores, celulares e acesso à Internet, por meio de redes de alta velocidade), especialmente, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o que limita a sua participação. A falta de capacitação para operar os programas também é um limitador para a realização das mapatonas (maratonas de mapeamento) e temos trabalhado no IVIDES.orgⓇ, no sentido da capacitação de novos(as) mapeadores(as) para os projetos de mapeamento colaborativo.
4. Participação comunitária
Que estratégias você usou para tornar o mapa acessível e compreensível para os afetados pela enchente?
Nós promovemos alguns eventos públicos, para engajar a população nos projetos de mapeamento colaborativo. Um dos eventos foi citado anteriormente, a oficina de mapeamento temático de cursos d’água (waterways) e feições relacionadas no OpenStreetMap. O outro evento foi o Seminário Científico pelo Rio Grande do Sul, https://ivides.org/seminario-rs, onde pesquisadores de universidades públicas localizadas no estado (FURG, UFRGS e UERGS), que realizaram ações relacionadas ao enfrentamento das consequências do desastre, puderam mostrar seus mapeamentos, trocar informações e discutir as dificuldades encontradas.
Os eventos foram realizados remotamente, para maior alcance do público e os vídeos foram disponibilizados na Wikimedia e no canal IVIDES.orgⓇ no YouTubeⓇ (em dois momentos: https://www.youtube.com/live/fD5kp_j6w_Y e https://www.youtube.com/live/Dv9t2ZTRsWQ), chegando a milhares de visualizações. A página do projeto no nosso portal institucional também ajudou a disseminar essa iniciativa e promoveu o acesso público aos dados oficiais que conseguimos levantar na época, a partir de diversas fontes, https://ivides.org/desastre-rio-grande-do-sul-brasil-2024.
Você pode compartilhar um exemplo de como o mapeamento participativo teve um impacto direto nas operações de socorro?
Durante este mesmo evento desastroso, as vias e pontes que estavam interditadas ou destruídas foram mapeadas pela comunidade do OSM RS, especialmente, pelo mapeador Fernando Trebien (aka ftrebien), e estes dados fizeram parte do mapa Web que elaboramos com o uMap, https://umap.openstreetmap.fr/pt-br/map/situacao-vias-rs_1070918. Estes dados foram utilizados pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER-RS) para atualizar o seu próprio mapa de vias afetadas, apesar de não estar explícito entre as fonte de dados link.
5. Desafios e oportunidades
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou durante o processo de mapeamento?
Falta de imagens aéreas adequadas, falta de declaração do tipo de licença dos dados nos conjuntos de dados oficiais da região, a fim de que pudessem ser importados para o OSM.
O que poderia ser melhorado nos esforços futuros de mapeamento para torná-los ainda mais eficazes na resposta a desastres?
Melhorar a comunicação com os grupos de mapeadores(as) e entidades envolvidas no desastre. Aumentar a utilização de programas e dados abertos, especialmente, aqueles que fazem parte do ecossistema do OSM, voltados à causa humanitária, como os gestores de tarefas (tasking managers), portal Humanitarian Data Exchange (HDX) e APPs de campo que suportam mapeamento off-line (e.g. KoboToolbox) ou os mapas impressos (Sketch Maps), especialmente, nas localidades com infraestrutura precária de Internet.
6. Impacto e perspectivas futuras
Houve alguma mudança nas políticas locais ou na gestão da terra como resultado dos esforços de mapeamento?
Ainda não, pois o evento é relativamente recente. Mas, o governo federal tem um programa atualmente para fomentar a criação e adoção de planos municipais de redução de riscos, não apenas para regiões afetadas por desastres hidrológicos (e.g. enchentes, inundações) e geológicos (e.g. movimentos de massa), como também para as áreas que estão sofrendo com processos avançados e acelerados de desertificação no Brasil, em partes da Região Centro-Oeste e Nordeste, fenômenos esses, menos discutidos no nosso país.
Como você vê o papel da cartografia digital e participativa na prevenção e resposta a desastres climáticos futuros?
O papel dos mapeamentos participativos (in loco) e colaborativos (remotos) é fundamental para a respostas aos desafios relacionados à crise climática, uma vez que estes eventos estão tendendo à sua intensificação e frequência. Os eventos necessitam de respostas rápidas, durante a sua ocorrência, além da integração entre governo, Academia e sociedade civil, a fim de melhorar a infraestrutura e os processos de gestão de riscos e desastres, nas fases pós-desastre. A adoção de soluções digitais de mapeamento aberto facilita a disseminação e o uso dos dados por diferentes operadores e promove ainda a inclusão digital de maior número de pessoas da população, à medida que têm acesso a plataformas de colaboração, onde podem enviar as suas informações (informações geográficas voluntárias, VGI). Porém, a participação precisa passar do seu primeiro nível (nível consultivo) no Brasil, permitindo que as comunidades das localidades afetadas realmente participem dos processos de tomada de decisão.
7. Insights específicos sobre Santa Maria, Porto Alegre e infraestrutura
Como a enchente impactou a infraestrutura urbana, o transporte e as estradas de Porto Alegre e Santa Maria?
O desastre promoveu um grande prejuízo em vias e edificações, mas, pelo mapa Web das vias interditadas e destruídas, os danos foram muito maiores em Porto Alegre do que em Santa Maria. Isso se deve ao fato de que o ponto mais agudo da ocorrência do desastre tenha sido na Região do Guaíba e do Centro Histórico de Porto Alegre (mas com alcance em muitas outras localidades adjacentes a esta região de centralização do evento). A imagem abaixo mostra o uMap, elaborado na época:
Como o mapeamento colaborativo ajudou a identificar estradas bloqueadas, pontes danificadas ou comunidades isoladas?
O mapeamento colaborativo pode ajudar na identificação de vias e pontes bloqueadas e de comunidades isoladas, uma vez que permite a contribuição de pessoas que residem ou que estejam temporariamente nos lugares de ocorrência dos desastres. As atuais plataformas de desenvolvimento de mapas Web e as redes sociais facilitam a interação entre os colaboradores de mapeamentos colaborativos digitais, mas enfrentamos um novo desafio, infelizmente, comum no nosso tempo, que são as notícias falsas (ou fake news). Incrivelmente, durante o desastre, houve pessoas que comunicaram sobre vias estarem liberadas, quando, na verdade, estavam fechadas, provocando grandes engarrafamentos e provocando prejuízos e lentidão nas ações de resgate. Um dos males da modernidade e que releva a necessidade de validação dos dados que chegam aos que conduzem os mapeamentos. Em uma entrada em seu diário de usuário do OSM, Fernando Trebien (aka ftrebien), /mapper/ftrebien/diary, mostra como realizou a verificação das informações. Inicialmente, foram utilizados relatos de veículos de imprensa e aqueles enviados por redes sociais, fazendo a checagem entre os meios. Posteriormente, também foram utilizadas imagens Sentinel-2, quando disponibilizadas, a fim de realizar as validações (verificação da veracidade da informação).
Há monitoramento ou mapeamento contínuo para avaliar os esforços de recuperação e reconstrução em Santa Maria e Porto Alegre?
Os monitoramentos no período pós-desastre são realizados no Brasil pelas secretarias de defesa civil, municipais e estaduais. Até o momento, não identificamos iniciativas acadêmicas ou de empresas especificamente para avaliação dos danos, pois este tipo de atividade requer o acesso a imagens aéreas de alta resolução e a ida a campo, para verificação do estado das edificações, por especialistas (engenheiros civis, geotécnicos, geólogos etc), o que pode ser proibitivo para algumas instituições, devido aos altos custos.
— Esta entrevista está também disponível em Inglês: https://doi.org/10.5281/zenodo.15058928.